CNA leva à Europa denúncia contra boicote à carne brasileira por varejistas da França

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) protocolou nesta terça-feira (27), em Bruxelas, uma petição formal junto à Comissão Europeia solicitando a abertura de investigação contra quatro grandes redes varejistas francesas por boicote e difamação da carne brasileira e de outros produtos do Mercosul. A iniciativa tem como objetivo apurar a conduta das empresas Carrefour, Les Mousquetairs, E. Leclerc e Coopérative U, que, segundo a CNA, coordenaram ações para prejudicar a imagem da agropecuária brasileira no mercado europeu.
A petição foi entregue pelo vice-presidente de Relações Internacionais da CNA, Gedeão Pereira, acompanhado da senadora Tereza Cristina, da diretora de RI Sueme Mori e do presidente da Famasul, Marcelo Bertoni. As lideranças argumentam que os varejistas divulgaram declarações infundadas sobre a sanidade e a segurança da carne brasileira, incentivando um boicote que, além de injusto, fere normas de concorrência da União Europeia.
“Temos um produto de qualidade e continuamos mantendo esse padrão”, destacou Gedeão Pereira. Segundo ele, a CNA espera que a Comissão Europeia tome providências conforme os regulamentos comerciais em vigor. Para a senadora Tereza Cristina, a iniciativa é necessária para responsabilizar quem dissemina informações falsas. “Quem falar mal da nossa carne vai responder por isso”, afirmou.
O presidente da Famasul, Marcelo Bertoni, reforçou o posicionamento do setor produtivo: “Não aceitamos mais episódios como o que ocorreu com o Carrefour e outras redes varejistas.”
A CNA aponta que as redes de supermercados controlam 75% do mercado francês e que seus posicionamentos públicos têm amplo alcance, o que pode causar sérios prejuízos aos exportadores brasileiros. A entidade solicita, além da investigação formal, a aplicação de multa proporcional às infrações e a retratação das empresas envolvidas.
O documento entregue à Comissão Europeia ressalta que toda a carne brasileira exportada à União Europeia cumpre rigorosamente os padrões sanitários exigidos. A CNA alega que os discursos de boicote afetam diretamente a reputação dos produtos do Mercosul e ameaçam o livre comércio entre os blocos, contrariando o espírito do Acordo Mercosul-União Europeia.
A polêmica teve início em novembro de 2024, quando o presidente do Carrefour, Alexandre Bompard, publicou uma mensagem nas redes sociais colocando em dúvida a qualidade da carne do Mercosul. Outras redes aderiram ao boicote, em um contexto de pressão contra a assinatura do acordo comercial entre os blocos. Mesmo após a conclusão das negociações em dezembro, os impactos do boicote continuaram a ser sentidos.
“O Brasil se tornou o maior exportador do mundo, atendendo às exigências de mercados como Estados Unidos, Europa, Oriente Médio, China e outros países asiáticos. Acusações infundadas não podem ser aceitas”, defendeu o presidente da CNA, João Martins.
A CNA espera que a investigação traga transparência e responsabilização, preservando a imagem do agronegócio brasileiro e garantindo a estabilidade nas relações comerciais internacionais.
COMENTÁRIOS