Porto Murtinho recebe unidade experimental voltada à pesquisa agrícola e integração na Rota Bioceânica
Área rural a 40 km da cidade passa a abrigar ensaios produtivos com foco em práticas sustentáveis e troca de conhecimento com instituições do Paraguai

Foi inaugurada em Porto Murtinho, município localizado no sudoeste de Mato Grosso do Sul, a primeira Unidade Experimental da Rota Bioceânica, voltada à pesquisa agrícola e ao intercâmbio tecnológico entre Brasil e Paraguai.
Instalada na Fazenda Yndiana — cedida por um produtor da região —, a área será usada como campo de testes para o desenvolvimento de cultivos e práticas adaptadas à realidade produtiva da faixa de fronteira.
A proposta é resultado de uma articulação entre a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), a Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia (Fundect) e o Governo do Estado, com apoio da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc).
O projeto busca identificar vocações agropecuárias e soluções técnicas sustentáveis para a região.
A apresentação oficial da unidade ocorreu no sábado (16), durante um Dia de Campo realizado na fazenda, a cerca de 40 quilômetros da zona urbana de Porto Murtinho. O encontro reuniu pesquisadores, produtores, autoridades locais e representantes do setor agropecuário de ambos os lados da fronteira.
Região de fronteira como espaço de inovação
Com localização estratégica no eixo central da Rota Bioceânica, Porto Murtinho foi escolhida para abrigar os experimentos por reunir condições logísticas e produtivas promissoras. A ideia é testar, por exemplo, o cultivo de algodão, que já apresenta bons resultados no Chaco Paraguaio, além de avaliar novas variedades de pastagens para fortalecer a pecuária na região.
“Estamos falando de ciência aplicada no campo, voltada para realidades locais, como Jardim, Alto Caracol e Murtinho, fora do bioma Pantanal”, explicou o titular da Semadesc, Jaime Verruck, durante o evento.
Segundo ele, a expectativa é que os dados gerados possam orientar políticas públicas e investimentos ao longo do corredor.
Para Verruck, a Rota não deve ser vista apenas como um eixo logístico, mas como vetor de desenvolvimento regional. “Esse projeto representa a primeira iniciativa concreta para mapear e potencializar as vocações agropecuárias da região de fronteira”, afirmou.
Cooperação entre Brasil e Paraguai
Desde 2022, o projeto tem promovido reuniões, visitas técnicas e intercâmbio com instituições do Paraguai, com o objetivo de fortalecer a integração produtiva transfronteiriça. A coordenação técnica da unidade está a cargo do professor Ricardo Gava, da UFMS, que lidera os estudos e articulações institucionais.
Durante o evento, Gava apresentou uma linha do tempo com as ações já realizadas, destacando o avanço da pesquisa aplicada e o interesse crescente de produtores e entidades dos dois países.
A proposta é transformar a Fazenda Yndiana em um polo de inovação rural, conectando saberes acadêmicos, demandas do campo e oportunidades da Rota.
Além dos coordenadores e pesquisadores, participaram do encontro a reitora da UFMS, Camila Celeste Brandão Ferreira Itavo; os professores Fabrício Frazilio e Marcelo Turine; o prefeito de Porto Murtinho, Nelson Cintra; o deputado estadual Paulo Corrêa; vereadores, secretários municipais e lideranças do setor produtivo local.
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