Com mais de 400 espécies catalogadas e uma biodiversidade exuberante mesmo dentro da área urbana, Campo Grande se consolida como um dos principais polos brasileiros de observação de aves. A vocação foi reforçada com a realização da 4ª edição do Festival Cine Aves, na quarta-feira (18), no Bioparque Pantanal, evento que aliou cinema, ciência e natureza em uma programação voltada ao público de todas as idades.

A cidade integra oficialmente o Roteiro para o Turismo de Observação de Aves do Corredor Bioceânico, que liga Brasil, Paraguai, Argentina e Chile, e tem investido em políticas públicas e iniciativas culturais que promovem o birdwatching como ativo turístico e educacional.

A programação do festival começou cedo, às 6h30, com o City Tour saindo da Praça do Rádio Clube e levando os participantes para uma "passarinhada" na passarela do Bioparque. Às 8h, foi realizada a abertura oficial com presença de autoridades, instituições de pesquisa e entusiastas da observação de aves.

Um dos momentos mais aguardados foi a palestra do ornitólogo Willian Menq, especialista em aves de rapina neotropicais, que lançou no evento seu livro Aves de Rapina do Brasil: todas as espécies. Segundo o pesquisador, Campo Grande é uma das capitais brasileiras com maior diversidade de aves de rapina. “Aqui temos espécies raras de águias, falcões, corujas e gaviões. A combinação de áreas verdes urbanas e preservadas, como o Parque das Nações Indígenas e o Parque Matas do Segredo, torna a cidade um verdadeiro refúgio para essas aves”, destacou.

Menq também compartilhou lembranças dos seis anos em que viveu em Campo Grande e ressaltou a crescente procura de turistas que visitam a cidade especificamente para observar aves em seu ambiente urbano.

O festival ainda premiou curtas-metragens dedicados à temática das aves e da natureza, encerrando a programação com a entrega de menções honrosas. A iniciativa foi promovida pelo Instituto Mamede e pela Sonhares Filmes, com recursos da Lei Paulo Gustavo, além do apoio de diversas instituições ligadas à cultura, meio ambiente e turismo.

Entre os muitos momentos emocionantes do evento, chamou atenção a história da pequena Ana Lara Berrocal Klingbeil, de oito anos, que conheceu pessoalmente Willian Menq, a quem acompanha no YouTube desde os quatro anos. “Aprendi sobre pássaros com ele. Meu preferido é o bem-te-vi e a coruja buraqueira”, contou, emocionada.

Para Maristela Benites, diretora do Instituto Mamede, o evento vai além da ciência. “É a arte dialogando com a biodiversidade. Precisamos valorizar o papel das aves e da natureza em todas as áreas da sociedade, inclusive na cultura e na política pública”, defendeu.

Reconhecida como capital nacional do birdwatching pela Lei Municipal nº 7.023, Campo Grande também celebra, no dia 28 de abril, o Dia Municipal de Observação de Aves — data inserida no calendário oficial do município. A força do movimento também é sustentada por grupos como a Cunhataí Guyra (Mulheres Observadoras de Aves de MS), o Vem Passarinhar MS, o Instituto Arara Azul, o ICAS e diversos clubes de observação da região.